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DCI 09/05/2019
O Produto Interno Bruto (PIB) per capita (por pessoa) só deverá alcançar um pico de crescimento semelhante ao verificado entre 2010 e 2013 – de 13% em relação aos quatro anos imediatamente anteriores – a partir de 2023.
Diante da forte recessão econômica, o PIB per capita brasileiro chegou a despencar 9% entre os anos de 2014 e 2017. “Não há nenhuma queda na nossa história que se compare à perda que nós tivemos nos últimos anos”, afirmou ontem o economista do Santander, Luciano Sobral, ao se referir a uma série histórica do PIB per capita que vai de 1905 a 2017.
O economista esteve em um evento da seguradora de crédito Euler Hermes, na capital paulista. Sobral destacou que a expectativa de recuperação do PIB per capita leva em conta o andamento das reformas, com destaque para a aprovação de mudanças na Previdência Social.
Por outro lado, a reforma no sistema de aposentadorias não garantirá que a taxa de câmbio do País retorne para um patamar mais próximo de R$ 3,00. A previsão do Santander é que o dólar feche a R$ 4,00 este ano e a R$ 4,30 em 2020. Nas duas últimas semanas, a taxa tem rodado em torno de R$ 3,90.
Para além das questões políticas internas, há outros fatores que estão colaborando para o encarecimento do dólar no Brasil. Um deles é a redução do diferencial da taxa básica de juros do Brasil (Selic) e a dos Estados Unidos (EUA).
“Durante muito tempo, o País registrou a maior taxa de juros do mundo. Quando o Brasil estava com a Selic a 14,25% ao ano [julho de 2015 a outubro de 2016], os EUA tinham um juro próximo de zero. O diferencial era praticamente de 14 pontos percentuais”, disse. “Era atrativo colocar dinheiro no Brasil. Porém, hoje, o diferencial de juros chega a ser de 3 pontos, 4 pontos, o que não paga o risco da nossa moeda”, completou.
Mudança de decisões
Além disso, o processo de redução da Selic de 14,25% em outubro de 2016, para 6,50% em maio de 2018 – patamar no qual se encontra até hoje – estimulou as empresas nacionais a se financiarem no mercado de crédito interno e a se protegerem em dólar (por meio de contratos de hedge).
Sobral ressaltou também que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) herdou da gestão do ex-presidente Michel Temer um cenário macroeconômico um pouco mais positivo do que o recebido por este em 2015. Além da queda da Selic, a economia passa por um momento de inflação controlada, contas externas ajustadas, melhores condições de crédito, além de queda do risco-país.
O grande problema, porém, continua sendo a questão fiscal. “As empresas não estão com muita pressa de tomar de decisões de médio e longo prazo, sem saber muito bem o que irá acontecer [com as reformas fiscais]”, afirmou Sobral.
No entanto, sem a retomada dos projetos de investimento das empresas, a tendência é de pouco avanço no mercado de trabalho. O desemprego atinge hoje 13,4 milhões de pessoas.
Para o Sobral, “se tudo der certo”, o PIB brasileiro tem potencial para crescer até 3% pelos próximos cinco anos. Para este ano, o Santander projeta expansão de 1,3%. Sobral admite que os analistas ficaram muito otimistas com a eleição de Bolsonaro, traçando previsões de PIB para 2019 que, na época, chegaram a 3%.
Contudo, o que se viu logo nos dois primeiros meses deste ano foi uma deterioração das estimativas, diante da queda da confiança dos consumidores e das empresas, frente às incertezas políticas.
Risco por setor
O diretor de risco da Euler Hermes Brasil, Felipe Tanus, contou que a seguradora realiza, trimestralmente, uma classificação de risco de 19 setores no País. A última análise da empresa indicou que a construção civil e o setor têxtil são os dois segmentos que mais preocupam. Em relação ao primeiro, espera-se uma recuperação a partir do quarto trimestre de 2019, tendo em vista a agenda de concessões em infraestrutura do governo federal.
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